A Garota que torturava
A Garota que torturava - parte II
A Garota que foi humilhada
A Garota que era psicopata
A Garota que era psicopata - parte II
O Garoto que amava
O Garoto que amava - parte II
A Garota que foi convidada
O Garoto que lutou
O Garoto que lutou - parte II
O Garoto que lutou - parte III
O Garoto policial
O Garoto policial - parte II
O Garoto que foi interrogado
O Garoto que foi interrogado - parte II
O Garoto que propôs
O Garoto que propôs - parte II
A Garota que se decepcionou
A Garota de cabelos ruivos
A Garota de cabelos ruivos - parte II
A Garota que foi incriminada
A Garota que foi incriminada - parte II
A Garota estranha
A Garota estranha - parte II
A Garota estranha - parte III
O Garoto que foi interrogado
Num piscar de olhos o fim de semana passou. Para quem? Certamente não para a Mayu. Durante dois dias a jovem ficou trancada em seu quarto escuro e frio, chorando e se perguntando: Porquê eu?
Se não bastasse ela estar com a mente confusa e abalada e ter que lidar com uma dor em sua cavidade anal, ela ainda tentava entender o motivo do seu ataque de fúria na última sexta-feira. E quando ela tentava esquecer o assunto, as marcas finas na porta do quarto a faziam se lembrar.

O relógio digital do quarto da Mayu marcava exatamente 07h15 daquela segunda-feira.
Hinata foi até a porta do quarto da filha e calmamente bateu na porta.

-Mayu... Filha... Você está bem?

Como ela não teve resposta, ela abriu vagarosamente a porta, fazendo com que um pouco de luz adentrasse o recinto.

-Filha, você quer ir a escola hoje?

Com a cabeça, Mayu sinalizou que não.

-Eu entendo. Quer comer algo?

Novamente Mayu sinalizou que não.

-Você quer alguma coisa? - insistiu.

-Por favor... Sai daqui... Me deixa sozinha... Por favor... -Mayu disse.

Hinata sentiu um aperto em seu coração.

-T-Tudo bem... Se precisar é só me chamar.

A Sra Yamazaki fechou a porta e pôs a mão em seu peito, tentando não chorar. Ela não aguentava ver sua filha daquele jeito e ela ficou pensando numa maneira de confortá-la o fim de semana inteiro, mas nada veio em sua mente a não ser formas clichês de tentativas de reconforto.

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O dia letivo começou normalmente na Nipon Mumei, exceto para cinco alunos.
Se a Mayu não passou bem os últimos dois dias, o mesmo valia para Satoru e Itou. Depois dos eventos ocorridos nas docas, os dois fugiram desesperadamente do local, deixando a Mayu nua e assustada e o Tadashi à beira da morte. Os dois chegaram ofegantes na residência que vos pertencia-provisoriamente, como dizia o acordo de aluguel-, chocados pelo que havia acontecido e se perguntando o que seria deles a partir dali. Eles conversaram e concordaram em não fazer nada, somente esperarem que a polícia viesse pegá-los, mas ela não veio. Os dois ligaram para a Haruka para contar o ocorrido, e obviamente ela ficou furiosa e ameaçou os dois caso eles a entregassem. Eles foram para a escola normalmente quando o recesso semanal acabou. Eles achavam que todos na escola já sabiam do ocorrido mas quando eles chegaram lá, foram recebidos normalmente, a única coisa que seus colegas tinham conhecimento era a morte do Tadashi, e não quem havia ocasionado ela.
Quando eles entraram na sala de aula, foram falar diretamente com a mandante do crime, que estava preocupada sentada em sua cadeira, entre Sakura e Akari.

-Haruka. - Satoru a chamou.

Haruka bufou e se levantou.

-O que você quer? - perguntou Haruka.

-O que está acontecendo?

-Como assim?

-Ninguém foi à nossa casa nos prender.

-E daí?

-O que aconteceu com a Mayu?

-E eu lá sei.

-Porquê será que ela não nos denunciou?

-E como é que eu vou saber? Primeiro de tudo, porquê que vocês vieram falar comigo?

-Olha, o Itou e eu conversamos e estamos pensando em nos entregar.

-Ficaram malucos?! Porquê vocês fariam uma coisa dessas?!

-Somos culpados pela morte do nosso amigo, e não dormimos esse fim de semana pensando nisso!

-Vocês não podem se entregar!

-Porquê se importa?

-Por quê eu estou ligada a esses crimes!

-Não vamos te denunciar!

-Eu não quero arriscar! Olha, se vocês quiserem eu pago pra vocês fecharem a merda do bico e ficarem como estão. É assim, vai ser melhor pra todos. Esqueçam essa história e deixem o passado para trás! E tem mais, se aquela retardada ainda não os denunciou é porquê não vai fazer. Fiquem tranquilos.

-Tudo bem Haruka, vamos pensar nisso, mas se tomarmos a decisão de nos entregarmos, ninguém, muito menos você, vai nos impedir.

Haruka tira sua carteira do bolso na saia e entrega uma nota de dinheiro para Satoru.

-Aqui tem 10 mil ienes para ajudar vocês a pensarem melhor. Se caso ainda estiverem com problemas ao pensar no assunto, eu tenho mais dessa em casa.

Satoru e Itou não disseram nada, somente se viraram e foram para as suas carteiras.

Haruka se sentou novamente em sua carteira e pôs as mãos sobre o rosto, ainda preocupada. Sakura puxou a camisa da amiga para chamar-lhe a atenção.

-Haruka, o que será de mim nessa história? - perguntou Sakura, com um olhar preocupado e arrependido.

-Fica tranquila, você não está mais ferrada que eu nisso. Mas não temos muito no que nos preocupar. Não há nada que o dinheiro não compre. Com alguns milhares de ienes eu posso calar a boca daqueles dois, mas agora o problema mesmo é a Mayu. Não posso garantir que ela não entregue aqueles dois. Preciso dar um fim nela.

-O que quer dizer? - perguntou Akari.

-Nada. Só pensei em voz alta.

-Eu sabia... Sabia! O que eu tinha na cabeça quando concordei em fazer parte disso?! Não acredito que realmente cooperei com um absurdo desses! Minha mãe vai ficar tão decepcionada quando descobrir!

-Cala a boca! Para de ser pessimista! Que merda!

Quando o sinal tocou, a professora entrou na sala para começar a aula e todos os alunos se sentaram.
Sobre a mesa que era do Tadashi, estava um vaso de parcelada com uma flor branca, cor que simboliza harmonia e paz. Sobre a mesa da Mayu tinha um vaso de vidro com uma flor laranja, cor que simboliza força e energia.

-Bom dia pessoal. - disse a professora - Hoje começamos a semana com um aperto em nossos corações, pois não teremos mais a companhia do nosso colega Maeda Tadashi. Vamos rezar por ele e pela Mayu que está passando por um momento difícil em sua vida.

Todos fizeram um minuto de silêncio antes da professora começar a passar o conteúdo da aula.

-Vamos seguir com o nosso assunto sobre logaritmos...

A professora foi interrompida por alguém que bateu na porta. Ela então foi abri-la para ver quem chamava. Era o tio da Mayu que estava acompanhado de um policial.

-Pois não? - disse a professora.

-Bom dia. Desculpe interromper professora, mas o diretor me autorizou a ter uma conversa com os seus alunos. Será que eu poderia entrar?

-Ah. Claro.

Hiro vai até a frente da turma e mostra seu distintivo.

-Bom dia a todos, eu sou Mahiro Yamamoto, detetive e chefe de polícia do décimo terceiro distrito de Minato. Como chefe de polícia eu não costumo me focar em um só caso, mas por motivos pessoais eu resolvi assumir o caso de Tadashi Maeda, que como vocês devem saber, foi assassinado na última sexta-feira. Sendo assim eu vim até aqui e pedi a permissão do diretor para interrogar cada um de vocês individualmente numa sala vazia aqui do lado. Eu vou fazer algumas perguntas para vocês e peço que sejam totalmente francos com as respostas. Bom, para ser justo com todos eu vou chamá-los por ordem alfabética. Tentarei ser rápido com isso pois o diretor só me dispôs duas horas do tempo das aulas. A primeira da lista... - ele olha na prancheta - ...Aihara Yuzucchi, por favor me acompanhe até a sala ao lado.

A primeira aluna seguiu o detetive. Sakura começou a se desesperar em seu lugar, sussurrando:

-Merda... Merda... Merda... Eu não acredito que fiz isso com a minha vida...!

Haruka, num surto silencioso, se virou para Sakura.

-Chega! Chega disso! Se você não se calar, eu juro que te dou um soco!

-Mas o que eu vou dizer ao ser interrogada...?

-Minta! Tudo dará certo.

Akari foi interrogada por alguns minutos e chegou despreocupada na sala. Sentou-se em seu lugar e logo foi questionada:

-Como foi? - perguntou Haruka.

-Nada de mais. Só me perguntaram onde eu estava no momento do crime.

-E o que você disse?

-Eu disse a verdade. Eu estava em casa com a minha mãe. Eles vão ligar pra ela e confirmar o meu álibe.

-Ouviu só Sakura? Não tem do que se preocupar. Você estava em casa, certo?

-S-Sim...

Uma voz pode ser ouvida da porta:

-Próximo. Fukushima Hiroshi! - o policial o chamou.

O jovem se levantou de sua carteira despreocupado e seguiu o policial até a sala ao lado, que era uma sala de aula comum vazia. Lá só havia uma mesa grande de professor. Hiro estava sentado de um lado dela e Hiroshi se sentou do outro.

-Fukushima Hiroshi, certo? - disse Hiro - Senhor Hiroshi... Estava ansioso pra falar com você.

-Porquê? - disse Hiroshi.

-Depois falamos nisso. Primeiro eu farei algumas perguntas. Qual era a sua relação com Maeda Tadashi?

-Éramos amigos.

-Próximos?

-Sim. Há anos.

-Você lembra de algo estranho que ele teria dito no dia que morreu?

-Algo que ele disse...? Não. Mas lembro dele estar super normal quando chegou na escola naquele dia, mas depois das primeiras aulas ele começou a ficar estranho.

-Estranho como?

-Ele ficava olhando pro nada como se estivesse pensando em algo.

-Só isso?

-Que eu me lembre, sim.

-Muito bem. Próxima pergunta. O que você estava fazendo exatamente às 16h57 da última sexta-feita?

-Eu sei lá, acho que estava na escola.

-Ah, você "acha"? Sabe que quero uma resposta precisa, não sabe?

-É, mas não fico olhando as horas sempre, mas como todos saem da escola pontualmente às 17h00 então eu acho que eu estava aqui. Por quê me perguntou especificamente esta hora?

-Porquê essa foi a mesma hora em que o seu celular enviou uma mensagem para o celular de Yamazaki Mayu, que foi estuprada nesse mesmo dia. Você vai querer confessar algo?

-O quê?! Não fui eu quem enviou essa mensagem!

-Ah, não? Então posso ver o seu celular?

-Eu não tenho mais ele.

-O que quer dizer?

-Meu celular foi roubado na última sexta-feira.

-Por quem?

-E eu sei lá.

-Onde você foi roubado?

-Aqui mesmo na escola! Eu fui com todos os garotos para o banho coletivo após a aula de educação física e deixei meu celular no meu armário do vestiário e quando eu voltei ele não estava mais lá.

-Você saberia de alguém que poderia ter roubado esse aparelho?

-Não sei, pode ter sido qualquer um.

-Muito bem. Por sorte você é o primeiro dos garotos na lista, então posso perguntar aos outros se eles viram algo de estranho no vestiário. Pode se retirar.

© Deivid Silva,
книга «Mayu».
O Garoto que foi interrogado - parte II
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