A Garota que torturava
A Garota que torturava - parte II
A Garota que foi humilhada
A Garota que era psicopata
A Garota que era psicopata - parte II
O Garoto que amava
O Garoto que amava - parte II
A Garota que foi convidada
O Garoto que lutou
O Garoto que lutou - parte II
O Garoto que lutou - parte III
O Garoto policial
O Garoto policial - parte II
O Garoto que foi interrogado
O Garoto que foi interrogado - parte II
O Garoto que propôs
O Garoto que propôs - parte II
A Garota que se decepcionou
A Garota de cabelos ruivos
A Garota de cabelos ruivos - parte II
A Garota que foi incriminada
A Garota que foi incriminada - parte II
A Garota estranha
A Garota estranha - parte II
A Garota estranha - parte III
A Garota de cabelos ruivos
O terrível som do seu despertador tocando foi a primeira coisa que Yamazaki ouviu quando acordou. Indisposta... Essa era a palavra que descrevia a jovem naquela manhã.
Se recusando a levantar ela deu um forte soco sobre o botão que desligava o aparelho digital.
Após 10 minutos na cama debaixo das cobertas pensando se levantava ou não, ela decidiu que suas obrigações eram mais importantes então ela se sentou na cama para tentar acordar direito.
Já no banheiro ela se olhou no espelho, mas isso não melhorou nem um pouco a sua manhã. Seu cabelo estava todo bagunçado, haviam olheiras e sua feição era desanimadora. Resumindo ela estava um bagaço, e como se isso não fosse o bastante a bunda dela doía a cada passo que ela dava.
Após lavar o rosto, escovar os dentes e pentear o cabelo ela ficou bem melhor, mas ainda estava sonolenta.
Com seu uniforme vestido ela foi até a cozinha onde sua mãe estava tomando o café. Mayu se sentou numa das seis cadeiras da mesa de jantar e ficou imóvel, praticamente dormindo de olhos abertos. Ela estava quase adormecendo de verdade quando ela ouviu um ruído e se espantou:

-Ahn?! O quê...? O que foi? - disse ela após o susto.

-Eu disse bom dia. - era somente a mãe dela.

-Ah... Bom dia mãe.

Hinata levou a xícara de café até a altura do queixo e expressou um leve sorriso.

-Chegou tarde ontem, não foi?

-Eu... Sim, por volta da uma da madrugada. - bocejou após falar.

-Como foi o encontro?

-Bem... Normal. - sim, essa foi a melhor resposta que ela conseguiu pensar. Mayu não diria para a mãe que transou com o Hiroshi e depois foi abandonada por ele no motel, quatro dias após ser estuprada. O que sua mãe pensaria dela?

-Ah Mayu, não seja má comigo! Vai, diz o que aconteceu! Rolou um beijinho? - Hinata olhou para a filha, e sua feição dizia "eu sei que rolou safadinha!".

-Teve um selinho... - suas bochechas coraram.

-Yaaaay! - Hinata se remexia na cadeira de felicidade. - Eu sabia! Conta tudo miga!

-Foi só isso. - Mayu bebeu o café na xícara.

-Quando vocês vão sair de novo?

Mayu parou por um momento pra pensar no assunto e presumiu que... Na verdade ela nem sabia se teria um segundo encontro. A noite anterior foi mesmo confusa.

-Eu não sei. - respondeu a jovem.

-Você poderia trazê-lo aqui pra jantar um dia desses.

-Mãe! Só saímos uma vez! Não o trate como se já fosse da família! - Mayu elevou um pouco a voz.

-Ah... D-Desculpa filha... Acho que me empolguei.

-Não... Eu que peço desculpas... Não tenho o direito de levantar a voz para a senhora.

-Mayu, já te disse que não gosto que me chame de senhora, faz-me sentir velha. E você sabe que eu tenho um espírito bem jovial.

-Ah é? Não parece. - risos.

-Você tinha que me ver aos 23 anos. Imagina uma mulher adulta casada jogada no sofá seminua e assistindo animes coberta de migalhas de salgadinhos.

-Nossa, você era assim?

-Na verdade eu ainda sou assim. Sabe à noite quando eu tranco a porta do quarto e fico lá um bom tempo? Eu estou simplesmente me entupindo de besteiras enquanto assisto animes na TV.

-Ai meu Deus... Minha mãe é uma hikikomori...

-Ei! Hikikomori não! Eu trabalho, sabia? E tem mais, sou imatura mesmo! Me assumo otaku, fojoshi e amante de pocky. - pronunciou com orgulho. - E se achar ruim eu viro k-poper!

-Tudo bem, tudo bem, pode ficar com os seus animes, Neet.

-Quer saber, eu adoro ser imatura. Esse negócio de ser adulto e ter responsabilidades é muito irritante. Queria ter 15 anos pra sempre! Talvez hoje em dia eu nem seja tão imatura, acho que virar mãe me obrigou a ser mais responsável.

-Bem... Pelo menos é bom saber que o meu nascimento ajudou a botar juízo na sua cabeça.

-Juízo o caramba! Quantas vezes você acha que eu quase te deixei cair quando você era um bebê?

-Ei! Você fez mesmo isso comigo?!

-É... Eu nunca fui a melhor mãe do mundo... Se não fosse o seu pai, eu nem sei o que seria de nós duas... Sinto tanta falta dele... - Hinata abaixou sua cabeça.

-Eu também... E outra coisa: eu acho que você é a melhor mãe do mundo.

Hinata levantou a cabeça e sorriu. Seus olhos brilhavam.

-Não Mayu. Eu estou longe de ser. Mas ter uma filha como você me motiva a ser cada dia melhor.

-Se pensa que vai me fazer chorar pode esquecer. Eu cansei de chorar. Serei forte a partir de agora. - disse com um sorriso determinado.

-Fico feliz que pensa assim.

-Obrigada pela comida. - ela se levanta e vai pegar sua bolsa em cima do sofá.

Mayu se despede da mãe e segue rumo a escola. A jovem se sentia diferente naquela manhã. Se achava mais confiante, mais determinada. Ela passou os últimos anos indo para a escola com medo e imaginando qual seria o próximo trote que fariam com ela, mas nesse dia parece que esse medo não veio e isso deixava ela feliz.
Quanto ao Hiroshi, ela não sabia se o perdoava ou se ficava com raiva dele.
Ao chegar na escola, Mayu colocou sua bolsa sobre a carteira e foi falar com o Hiroshi, que estava sentado sozinho em sua própria carteira longe de qualquer um que pudesse ouvi-lo conversar com ela.
Mayu ficou na frente do garoto, mas não disse nada, apenas cruzou os abraços e olhou fixamente para ele com um olhar não muito amigável.
Hiroshi, quando percebeu sua presença, olhou e sorriu ironicamente para ela.

-Olha se não é a Mayu! Obrigado pela noite de ontem! Fazia tempo que eu não me sentia daquele jeito!

Mayu apertou os olhos não aprovando o tom de voz sarcástico dele.

-Por que você foi embora? - perguntou com firmeza na voz.

-Eu não queria ficar na rua até tarde.

-Por isso me largou no motel?

-Não me leve a mal Mayu, eu estava cansado. Sabe o quanto as pernas de um homem ficam bambas e cansadas após uma bela gozada? Se eu me deitasse pra te esperar provavelmente eu acabaria dormindo. E nem balde de água fria iria me acordar.

-Você tem noção do que fez?! Praticamente me estuprou e abandonou sozinha no meio da madrugada! Tive que voltar pra casa sozinha correndo risco de ser assaltada, ou pior!

-Não precisa exagerar.

-Que tipo de pessoa é você? Que tipo de homem faz isso?

-O tipo que conseguiu tirar o cabaço da garota mais santinha da escola.

-Canalha! Agora eu estou vendo tudo com clareza! Aquele Hiroshi gentil e bondoso por quem me apaixonei nunca existiu!

-Eu sinceramente não sei de onde você tirou que eu sou assim.

-Acho que na minha cabeça eu acabei fazendo você parecer alguém que não é. Como eu fui tola!

-Que bom que notou.

-Olha aqui, sobre o que aconteceu ontem, se você contar a alguém o que houve, você vai me pagar!

-Na verdade eu pretendo contar aos meus amigos assim que eles chegarem.

-Ah é? Então vai. Conta que transou com uma garota menos de uma semana depois dela ser estuprada. Assim você ficará com uma bela fama de covarde insensível.

-Covarde insensível? Foi você quem aceitou transar comigo!

-O quê? Eu aceitei? Ora, mas é claro que não.

-Do que está falando? É claro que aceitou!

-Mas se você disser uma só palavra sobre o assunto eu negarei até a morte. E se insistir eu digo que você me dopou.

-Você está ficando louca?! Eu não fiz isso!

-E em quem você acha que os outros vão acreditar: num tarado mulherengo ou numa pobre garota que sempre foi sozinha, ingênua e indefesa? - Mayu esboçou um sorriso maléfico juntamente com um olhar penetrante.

-Seria mesmo capaz de se aproveitar do fato de ter sido a coitadinha da turma por anos só pra me ferrar?

-Comente sobre ontem e você vai descobrir da pior maneira possível.

Mayu sorriu maleficamente, levou o dedo indicador até a boca e fez um ruído:

-Shhhhhhhh... - indicou para que ele ficasse calado sobre o assunto. - Fica quietinho covarde mentiroso.

Foi a primeira vez que a Mayu ameaçou alguém. Era estranho mas ela sentiu como se tivesse tirado um peso das costas. Seria o alívio de saber que o que aconteceu ficaria em segredo? Talvez.
Alguns minutos se passaram e a professora chegou na sala e com ela vinha uma novidade. Com todos os alunos devidamente acomodados, ela começou a falar:

-Bom dia classe, hoje teremos uma nova companheira de estudos. Uma nova aluna se transferiu para a nossa escola e ficará na nossa turma! Pode entrar querida! - ela chamou a garota que estava do lado de fora da sala. A garota nova abriu a porta e entrou. Havia um silêncio na sala e só se podiam ouvir os passos da novata em direção à frente da turma. Ela virou rapidamente 45 graus e ficou em nossa frente. Alguns garotos suspiraram ao ver ela. As garotas se surpreenderam. A beleza da novata era de se encher os olhos. Ela tinha longos cabelos ruivos alaranjados. Olhos verdes. Pele clara. Sardas abaixo dos olhos. Um rosto angelical. Sua pele parecia tão macia que alguns desejavam tocá-la para descobrirem se realmente era. Seu uniforme estava limpo e cheiroso. Sapatos novos. Nas mãos carragava uma maleta preta contendo seus novos materiais escolares. - Pode se apresentar. - disse a professora. Todos ficaram na expectativa para descobrirem se sua voz era tão doce quanto eles pensavam que seria. A novata olhou para todos e esboçou um leve sorriso.

-Bom dia. É um prazer conhecê-los. Meu nome é Ayumi Saito. Será uma alegria para mim estudar com vocês. Espero que possamos nos dar bem e sermos todos amigos.

-De onde você é, Saito?

-B-Bem... Hinamizawa... N-Não... Espera um pouco... - ela se enrolou toda. - Olha pra mim, estou gaguejando! - ela riu com a própria confusão. Alguns riram também. - Desculpem, estou nervosa.

-Tudo bem, entendemos. Leve o tempo que precisar.

-Bem, eu tenho 17 anos e morava em Komogawa na província de Chiba. Eu estudava no ensino médio da escola Puroseso Nashi até que a minha família resolveu se mudar pra Tóquio para ficarmos mais próximos da família. Quê mais... Ah, eu também gosto de sorvete, curry e de caminhar de mãos dadas por um beco escuro e suspeito.

-Sei que se mudar as vezes pode ser difícil mas todos nós faremos você se sentir bem vinda!

-Obrigada sensei! - Ayumi se curva na frente da professora e de todos.

-Pode se sentar naquele carteira. - a professora indicou o lugar onde o Tadashi se sentava. Era a primeira cadeira da segunda fileira a partir da porta. Ela se sentaria bem ao lado da Mayu, que ficava na primeira cadeira da terceira ficeira a partir da porta.
Ayumi se acomodou em seu novo lugar e sorriu para a Mayu.

-Olá! - disse a ruiva.

-Oi. - respondeu Mayu. Tão friamente que até ela mesma estranhou. - É um prazer conhecê-la. - tentou ser mais gentil.

-Eu digo o mesmo!
© Deivid Silva,
книга «Mayu».
A Garota de cabelos ruivos - parte II
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