A Garota que torturava
A Garota que torturava - parte II
A Garota que foi humilhada
A Garota que era psicopata
A Garota que era psicopata - parte II
O Garoto que amava
O Garoto que amava - parte II
A Garota que foi convidada
O Garoto que lutou
O Garoto que lutou - parte II
O Garoto que lutou - parte III
O Garoto policial
O Garoto policial - parte II
O Garoto que foi interrogado
O Garoto que foi interrogado - parte II
O Garoto que propôs
O Garoto que propôs - parte II
A Garota que se decepcionou
A Garota de cabelos ruivos
A Garota de cabelos ruivos - parte II
A Garota que foi incriminada
A Garota que foi incriminada - parte II
A Garota estranha
A Garota estranha - parte II
A Garota estranha - parte III
A Garota que foi incriminada
Eram tempos de paz. A jovem Yamazaki se sentia cada vez mais leve. Por quê? Fazia mais de um mês que a Haruka tinha cessado suas hostilidades contra a jovem. A vida da Mayu estava uma completa calmaria e nem ela sabia explicar o motivo. Nesse meio tempo o seu amor por Hiroshi Fukushima se desvaneceu tão rápido quanto apareceu, e ela pôde ganhar a amizade da sempre sorridente Ayumi Saito. E ainda que elas tivessem se tornado amigas, as duas em momento nenhum se encontraram fora da escola desde que dormiram no mesmo quarto.

Era final de maio. A morte de Tadashi Maeda e o estupro de Mayu Yamazaki completavam um mês, e ninguém foi preso.

Yamazaki iria faltar às aulas da manhã daquela segunda-feira, pois faria check-ups de rotina com um médico amigo da família.

Hinata deixou sua filha na porta do hospital prometendo vir busca-la mais tarde. Mas em vez de voltar para casa, ela seguiu direto para a Nipon Mumei sem o conhecimento da Mayu. Hinata estava preocupada com a filha. A jovem melhorou? Sim! Seu sorriso aparecera com mais frequência? Claro! Mas algo na jovem preocupava sua mãe.

Dizem que intuição de mãe nunca falha, e a Hinata sentia algo em seu peito em relação a Mayu. Ela temia que a mudança da filha tivesse um lado negativo tanto quanto teve com o lado positivo. Seu instinto maternal apitava e ela não sabia o porquê.

A senhora de meia idade deixou seu veículo no estacionamento da escola e subiu até o terceiro piso do prédio esquerdo. Em frente à diretoria ela bate na porta e é autorizada a entrar.

-Em que posso ajudar? - disse o diretor, senhor Kojima, um homem de 50 anos de cabelos grisalhos, cujo rosto era repleto de rugas. Ele tinha cerca de 1,70m de altura e era muito magro. No rosto ele usava um par de óculos de lentes retangulares.

-Bom dia. - Hinata se curva - Sou Hinata Yamazaki, mãe de Mayu Yamazaki da turma 1 do segundo ano.

-Bom dia. Pode se sentar, senhora.

Hinata aceita o convite.

-Eu vim aqui para lhe entregar isto. - ela tira uma folha de papel de dentro da bolsa de couro marrom que ela carregava e entrega ao homem.

-Do que se trata? - ele ajeita os óculos para tentar ler.

-Há cerca de um mês a Mayu teve uma consulta com um psicólogo. Ele disse que a minha filha estava guardando uma mágoa dentro de si e estava se tornando uma pessoa cada vez mais fria. A Mayu, segundo ele, aparenta ter pequenos graus de socipatia e psicopatia e, caso ela sofresse algum trauma, esses graus poderiam se elevar. Como o senhor já deve saber, a minha filha foi estuprada, e isso com certeza foi um trauma para ela. Agora eu estou com medo. Desde que tudo aconteceu a Mayu mudou. Sim, em alguns aspectos ela está bem melhor, entretanto eu estou com medo dela continuar mudando ao ponto dela se tornar uma pessoa fria e insensível. Eu não quero que a minha filha se torne esse tipo de pessoa, então eu imploro que peça que alguém fique de olho nela e me avise se ela desenvolver algum comportamento estranho.

-Que tipo de comportamento estranho?

-Qualquer um!

-Muito bem. Pedirei para alguém vigiá-la.

-Eu agradeço. - ela se curva em agradecimento.

Hinata se levanta da cadeira.

-Obrigada por me ceder dois minutos do seu tempo.

A Sra Yamazaki caminhava em direção a saída quando foi chamada.

-A propósito...!

Ela se vira.

-Sim?

-Dentre as mudanças recentes da Mayu, por acaso há a aparição de algum comportamento agressivo?

-Não que eu me lembre... Espera! Teve uma vez no dia em que ela foi estuprada. Eu deixei a Mayu por um momento no quarto, e por algum motivo ela atacou a porta com a katana dela.

-Atacou?

-Sim, ela estava batendo na porta com a espada. A porta ficou toda marcada.

-Entendi. Obrigado.

A mãe preocupada se retira um pouco menos preocupada.

-Por quê estou sentindo que isso não vai acabar bem? - disse o diretor.

Tendo um mal pressentimento o velho chamou a lider da turma 2-1 para a diretoria.

-Senhorita Nishizawa.

-Sim senhor diretor? - Haruka se senta.

-Escute jovem, você tem uma relação de amizade com Mayu Yamazaki?

-Por quê pergunta?

-Agora pouco a mãe da garota trouxe uma ordem do psicólogo dela para ficarmos de olho e avisarmos se ela apresentar algum comportamento estranho.

-E o senhor quer que eu fique de olho nela?

-Se for possível.

-Hm. Acho que posso fazer isso.

-Eu agradeço.

-Mas que tipo de comportamento estranho o senhor quer que eu relate?

-Dentre todos, o mais importante é o agressivo!

-Senhor, eu conheço essa garota desde que me conheço por gente e eu nunca vi ela fazer nada desse tipo. Pelo contrário, ela é uma galinha assustada. Será que posso saber o motivo de tudo isso?

-Tudo bem, irei te dizer. O tal psicólogo disse que ela tinha traços de frieza e sociopatia. Por isso que quero que você fique de olho nela, pelo bem de todos.

-Sei. Ok, pode contar comigo. - Nishizawa se levanta, e ao deixa a diretoria ela esboçou um sorriso suspeito.

Algumas horas após deixar a filha no hospital, Hinata tornou a voltar lá para buscá-la.

Mayu adentra o carro e a senhora segue de volta para a Nipon Mumei.

-Como foram os exames? - a motorista tentou puxar assunto.

-Foram bem. O Dr Yoshida falou que eu aparento estar saudável. Ele me pediu para buscar os resultados do check-up dentro de poucos dias. - a menina respondeu.

A conversa não perdurou depois disso e as duas ficaram quietas até o final da viagem.

A filha se despede da mãe e adentra no perímetro da escola.

Quando Mayu chegou já era a hora do almoço. Ela se perguntava o porquê de não ter ido almoçar em casa primeiro.

Antes de ir para a sala de aula, Yamazaki se dirigiu até o jardim ao lado da escola para comer o seu bento. A jovem estava desamarrando o pano que envolvia a comida quando ouviu uma voz ecoando por entre as árvores do jardim:

-Mayu-chan!!!

Ayumi vinha correndo em direção à jovem.

-Como você se atreveu a me deixar a manhã toda sozinha com aqueles primatas?!

-Eu só fui ao médico. E você não deveria se referir aos nossos colegas dessa forma.

A ruiva se senta no banco ao lado da Mayu.

-Então, você está bem?

-Sim. Por quê?

-Nada. É que se você foi ao médico é por que tinha algo de errado, não?

-Ah, não. Só foi um check-up de rotina. Eu faço isso a cada seis meses.

-Ah... Que alivio! Eu nem sei o que seria de mim se você morresse.

-Isso foi muito específico e desnecessário. Não é pra tanto!

A conversa parou e a Ayumi começou a cantarolar uma canção estranha.

-Ei Mayu, eu estava tentando fazer receitas novas para o meu bento. Quer provar?

-Claro!

Ayumi pega um dos rolinhos com seu hashi(pauzinhos usados para refeições no Japão) e leva até a boca da Mayu.

-Esse é de frango frito com molho de mostarda e mel enrolado em macarrão temperado e bacon.

Yamazaki abocanha o rolinho e saboreia.

-Que bom! Está delicioso!

A ruiva trouxe o hashi para perto da boca e começou a lamber os palitinhos.

-Ei! Isso é um beijo indireto! - disse a Yamazaki.

-Ahn? Ah, mas eu gosto de lamber o molho! Não tenho culpa se a sua saliva veio junto!


 Perto do refeitório, Sakura e Haruka estavam almoçando juntas. Haruka, após bolar um plano durante a aula, foi contar a sua idéia para Sakura. Akari tinha faltado às aulas por estar doente.

-Sakura! - disse Haruka.

-O que foi? - disse Sakura.

-Eu acabo de ter a melhor idéia pra me livrar da Yamazaki, e preciso da sua ajuda!

-Ah não! Nem pensar! Será que pra você o que aconteceu mês passado já não deu merda o suficiente?!

-Acabou dando errado porque eu cometi um erro. Deixei o Tadashi sair sabendo demais. Mas agora não tem erro!

-Haruka, deixa ela em paz! Já deu! Perdeu a graça! Por quê você insiste tanto nesse negócio de fazer ela sofrer?! Já somos quase adultas e devemos ter noção das consequências dos nossos atos! Pra quê continuar com isso?

-Por que no mês passado eu fiquei sabendo que, depois de tudo o que aconteceu, o Hiroshi ainda saiu com aquela vagabunda. Eu não sei se eles transaram mas conhecendo o Hiroshi eu não posso duvidar. Eu não sei se eles saíram mais alguma vez mas preciso dar um jeito nisso. Por isso vou dar um fim definitivo a esse assunto. Acredite, depois disso não vamos dar de cara com ela por um bom tempo, e nem o Hiroshi.

-Tá bom Haruka, fala. Vamos ver se a sua boca consegue expelir mais merda que o seu cu.

-Ei, olha o respeito heim. Vou deixar essa passar dessa vez porque preciso de você. É o seguinte: faremos ela ser presa!

-Nossa, agora sim sua boca soltou uma diarréia da braba.

-Estou falando sério! Olha, hoje mais cedo o diretor me pediu pra ficar de olho nela porquê ela apresenta problemas psicológicos. E eu vou me aproveitar bem dessa situação. Escute o meu plano...

Quando soube do que se tratava a estratégia da Haruka, Sakura franziu as sobrancelhas e cruzou os abraços mostrando sua completa desaprovação em relação ao plano.

-Mas nem fodendo! - disse a loira.

-Por favor Sakura!

-Não! Não vou fazer isso! Já é demais!

-Que droga... Eu pensei que você era minha amiga!

-Nem tente me fazer chantagem emocional por que eu sei que isso é só lábia!

-Pensei que você gostasse de mim...

-Pare... Eu... Você... Você sabe que eu te respeito... Sabe que eu sou grata pelo que você fez na nossa infância e eu sempre te considerei minha melhor amiga... Mas fazer isso...

Haruka pega na mão da amiga.

-Eu prometo que essa será a última coisa que você fará por mim.

Sakura faz Nishizawa a largar.

-Não! Eu já disse! Chantagem emocional não vai colar!

-Que porre... Então tudo bem, acho que todos aqui vão querer saber do seu segredo, não é?

-O-O que está tentando fazer...? - a loira começou a se assustar.

-O seu segredo Sakura... O que acha que todos aqui vão pensar de você quando souberem a verdade?

-Não...! Quando éramos crianças você disse que guardaria segredo! Você prometeu!

-Ah... Sabe quando você se levanta de manhã e te bate aquela vontade de quebrar uma promessa?

-Pare de brincadeiras, isso é sério...! Por favor não conte a ninguém! Tá bom, tá bom, eu faço... Mas por favor...

-É assim que eu gosto. Tudo bem, não direi a todos sobre os gostos estranhos que você tem, e em troca você vai fazer isso pra mim, certo?

-Sim...

-Como é?

-Sim senhora...

-Muito bem cadelinha despeitada. Quem sabe no futuro eu te pague um aplique de silicone para esses seus peitinhos de azeitona.

Sakura abaixa a cabeça e se sente humilhada. Realmente ela não se sentia bem quando falavam do seu corpo.
© Deivid Silva,
книга «Mayu».
A Garota que foi incriminada - parte II
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