A Garota que torturava
A Garota que torturava - parte II
A Garota que foi humilhada
A Garota que era psicopata
A Garota que era psicopata - parte II
O Garoto que amava
O Garoto que amava - parte II
A Garota que foi convidada
O Garoto que lutou
O Garoto que lutou - parte II
O Garoto que lutou - parte III
O Garoto policial
O Garoto policial - parte II
O Garoto que foi interrogado
O Garoto que foi interrogado - parte II
O Garoto que propôs
O Garoto que propôs - parte II
A Garota que se decepcionou
A Garota de cabelos ruivos
A Garota de cabelos ruivos - parte II
A Garota que foi incriminada
A Garota que foi incriminada - parte II
A Garota estranha
A Garota estranha - parte II
A Garota estranha - parte III
O Garoto policial
Tristeza... Medo... Raiva... Dor... Mayu estava sentindo muitas coisas naquele hediondo momento, mas nenhum sentimento ruim se comparava com aquele intenso aperto em seu coração enquanto ela derramava suas lágrimas sobre o corpo sem vida de Tadashi Maeda.
O jovem havia morrido sem conseguir expressar seus sentimentos à sua amada. Tadashi tinha dito algumas palavras, mas nada que Mayu tivesse entendido com clareza.
Lá naquele escuro e sujo hangar das docas, Mayu se encontrava nua - suas roupas foram rasgadas - e segurando em seus braços aquele que morreu tentando protege-la. A jovem não ligava se suas partes íntimas estavam expostas, para ela aquilo não era o que mais tinha importância no momento. Ela caía em prantos sobre o jovem enquanto sussurava seu nome repetidas vezes.
Mayu não entendia o porquê de estar chorando por ele. Ela mal o conhecia. Seria os vários anos estudando juntos? A empatia por ele tê-la ajudado?

Do lado de fora da velha construção, estava uma escuridão assustadora, pois o sol já havial se posto no horizonte e as cumulonimbus impediam que a luz das estrelas chegasse em Tóquio.

Um pescador aventureiro, que decidiu ficar até mais tarde no mar, estava amarrando seu pequeno barco a motor num pequeno cais perto de onde a Mayu estava. O velho pescador grisalho que aparentava ter mais de 50 anos vivia uma vida pacata com a sua esposa em um casebre na zona rural bem próximo dali. O velho senhor estava vestindo uma camisa com listras horizontais de cor azul e branco por baixo de um colete de couro marrom além de uma calça gasta de tecido grosso. Em uma das mãos ele levava sua estimada vara de pescar e na outra um balde com cerca de 15 peixes.
Ele estava caminhando lentamente pelas docas com uma lanterna na boca, seguindo para sua casa, quando ouviu um choro vindo das proximidades. Ele então largou o que tinha em mãos, pegou a lanterna da boca e seguiu o som entristecido. Ele chegou num dos hangares e encontrou a Mayu tremendo de frio sobre o corpo do jovem Tadashi. O homem ficou sem reação ao ver aquela cena. Mayu estava nua e suas mãos cobertas de sangue.

-Mas o quê...? V-Você está bem?! - perguntou o homem.

Mayu sinalizou com a cabeça que "não".

-Meu Deus... Esse... Esse garoto está morto?! E-Eu vou chamar alguém!

O velho homem foi até sua residência e ligou para a Polícia usando seu telefone fixo.

Alguns minutos depois uma garoa começou a cair e três carros de polícia chegaram nas docas. Junto com os seis policiais, estava o chefe de polícia do distrito mais próximo daquele lugar, cujo nome era Mahiro Yamamoto porém conhecido como Hiro entre os mais íntimos.

O chefe saiu do carro e encontrou o velho que fez a ligação, que o levou ao hangar onde Mayu permanecia como quando o senhor a encontrou. Assim que Hiro bateu os olhos na garota ele tomou um susto e sua pele gelou. Ele não acreditava no que estava vendo. Ele não queria acreditar nos seus olhos. Ver sua própria sobrinha naquele estado... Sim, Hiro era o irmão de Hinata e o tio de Mayu.
Ele correu para acudi-la e tirou seu casaco e deu para a sobrinha esconder sua nudez.

-Mayu... O quê... O que aconteceu? - Hiro perguntou aflito.

Mayu não respondeu nada, apenas repousou a cabeça sobre o ombro do tio e continuou a chorar.

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Já passava das nove da noite. Chovia horrores do lado de fora da delegacia.
Mayu se encontrava agachada em uma das cadeiras da recepção. Ela estava usando um dos uniformes da Polícia para esconder seu corpo nu. Apesar de ter parado de chorar, a tristeza ainda se manifestava em seu olhar trêmulo. Ela estava lá encolhida enquanto aguardava a chegada da sua mãe, que foi chamada pelo seu tio. Por telefone, Hiro tentou dizer à sua irmã, da forma mais calma possível, o que havia acontecido, mas Hinata não pôde conter o desespero e foi às pressas para a delegacia.
Quando chegou, a Sra. Yamazaki avistou sua amada filha, seus olhos se encheram de lágrimas, e foi até ela. Mayu, quando viu sua mãe, correu até ela aos prantos e a abraçou.

-Filha! Meu amor! Você está bem?! - disse Hinata que não conseguia conter seu desespero.

-Mamãe... Foi horrível! Eu pensei que eles iriam me matar! - disse Mayu, abraçando sua mãe com maus força.

-Mayu, não diga isso! Filha, olha, você está bem! Está viva! É o que importa! Eu estou aqui pra você.

-Eu não estou bem! Meu corpo dói! Me sinto humilhada! E o Tadashi... O Tadashi morreu!

Hinata não sabia como confortar sua filha naquela situação, somente ficou calada acariciando a filha.
Hiro apareceu na recepção e convidou a irmã para entrar em sua sala.

-Mayu, sente-se e se acalme. Eu preciso conversar com a sua mãe em particular. - disse o chefe de polícia.

-Sim tio Hiro... - disse Mayu.

A Sra. Yamazaki adentrou o escritório e se sentou numa cadeira de couro. Do outro lado da mesa, Hiro se sentou em sua cadeira.

-Hiro, por telefone você me disse que abusaram sexualmente da minha filha. Por favor, diga que isso é mentira! - Hinata estava chocada, porém tremendo de raiva.

-Hinata, eu não te chamaria aqui e a Mayu não estaria chorando lá fora se fosse mentira. - disse Hiro.

-Me explique melhor isso!

-A Mayu disse que foi até as docas abandonadas e lá ela foi estuprada.

-E o que ela estava fazendo lá? Eu já disse mil vezes a ela que aquele lugar é perigoso!

-Ela disse que foi lá encontrar um amigo, mas o sujeito não apareceu e ela teve um encontro com os estupradores. Infelizmente ela realmente foi abusada. Ela passou por uma consulta rápida com um dos médicos aqui do distrito e ele confirmou que o hímen dela foi rompido e que o ânus deu sinais de que foi mecanicamente aberto forçadamente, por assim dizer. Ela disse que foram dois homens ao todo. Ela teve muita sorte porquê um amigo dela apareceu nas docas e impediu que os desgraçados continuassem o serviço. Infelizmente ele foi atingido no pescoço por um objeto cortante e morreu de hemorragia.

-Que horror! Quem são esses estupradores?! Eu vou matá-los!

-Acredite, se soubéssemos eu já teria feito isso antes de você. A verdade é que nao sabemos que são os filhos da puta. A Mayu disse que eles usavam máscaras, e ela acabou que só conseguiu reconhecer o garoto que a salvou.

Mayu não havia contado a ninguém que ela havia sido estuprada pelo Itou e pelo Satoru. Ela ficou horrorizada com o jeito que eles mataram o Tadashi. E se eles puderam fazer isso com o melhor amigo, imagina o que fariam se ela abrisse a boca. É claro, tudo isso era somente coisa da cabeça da Mayu e ela não entendia que o assassinato do Tadashi foi uma fatalidade acidental e que Itou não pretendia matar o amigo.

-Quem é esse garoto? Porquê ele estava lá?!

-Ele é um dos colegas de turma da Mayu, e nem nós nem ela sabe porquê ele apareceu por lá. Ele é uma importante pista para descobrirmos quem fez isso com a Mayu. Eu não acredito que ele tenha aparecido naquele fim de mundo por acaso, então é mais provável que ele sabia de antemão o que iria acontecer e foi lá impedir, então eu cheguei à conclusão que o estupro da Mayu foi um evento armado, porque os estupradores também não apareceriam por lá e encontrariam ela por acaso. Alguém queria prejudicar a Mayu e armou o estupro. Pode ter sido um dos estupradores, pode ter sido qualquer um, mas a pessoa que fez isso provavelmente está ligada ao Tadashi. O garoto está morto, isso é um problema mas vamos interrogar a família e os amigos. E tem outra: o garoto que a encontraria lá. Seu nome é Hiroshi Fukushima. Confiscamos o celular da Mayu e o pessoal das análises laboratoriais viram a mensagem que ele enviou à Mayu pedindo para ela o encontrar nas docas. Ele é o principal suspeito até agora. E quer ouvir outra? A Mayu disse que o Hiroshi e o Tadashi são da mesma turma dela, então há grande possibilidade dos culpados estarem naquela escola ou até naquela turma. Pode ser que todos eles estejam ligados uns com os outros e com a Mayu. É claro que tudo o que eu disse são apenas especulações, mas vamos interrogar cada um dos colegas da Mayu até pegarmos os culpados, e quando eu pegá-los, pode ter certeza de que eu vou garantir que eles virem mulherzinhas na cadeia e que apodreçam por lá por terem feito isso com a minha sobrinha!

-Obrigada pela preocupação, Hiro.

-Deixe disso. É apenas o meu trabalho. Agora escute, a Mayu já deu a contribuição dela para o caso, agora eu quero que você a leve para casa, dê um banho nela e a coloque para dormir. Ela está muito abalada, não faça perguntas inconvenientes. Esqueça esse assunto por enquanto e deixe ela descansar. Pode deixar tudo com o seu irmão aqui, mas se ela lembrar de algo mais não deixe de me falar. E me mantenha informado sobre o estado psicológico dela. Se precisar de algo pode contar comigo.

Hinata se levanta e abraça o irmão.

-Obrigada Hiro.

-Disponha. Pode ir. Cuida dela e se cuida também maninha. Visitarei vocês quando puder.

A Sra. Yamazaki deixa o escritório e vai abraçar a filha mais uma vez.

-Calma filha, já passou, você está comigo agora. - disse Hinata.

-Mãe, porquê fizeram isso comigo? Porquê? O que eu fiz? Porquê todo mundo me odeia?

Hinata se emiciona.

-Filha, não diga isso, eu não te odeio! Eu te amo!

-Eu não aguento mais! Todo dia! Não aguento mais isso! Eu quero matar todo mundo!

-Mayu, não diga isso, você está numa delegacia! - sussurrou, Hinata.

Hiro acabou ouvindo o que que Mayu disse primeiro.

-Espera Mayu, você disse "porquê todo mundo me odeia"? Quem? Quem te odeia? - perguntou Hiro.

-Não... Não é nada. - respondeu Mayu.

-Mayu, diga! Essa pode ser a chave para encontrar quem fez isso com você!

-Esquece... Não tem nada a ver com isso.

-Tudo bem, eu não posso te obrigar a dizer nada, mas lembre-se que isso pode ser essencial para a investigação.

-Eu já disse, não tem nada a ver.

-Mayu, ouça o seu tio! - disse Hinata.

-Que merda! Quantas vezes eu preciso repetir?! NÃO TEM NADA A VER!!! - Mayu teve uma mudança de comportamento repentina, mas logo se recompôs - M-Me... Me desculpe... Eu falei sem pensar... Mãe... Vamos embora.

-Claro filha, vamos.
© Deivid Silva,
книга «Mayu».
O Garoto policial - parte II
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